Dec 8, 2011
Munk - Hoje, aqui em Curitiba + Entrevista e amanhã tem mais
Hoje finalmente o nosso amigo Mat "Munk" vai tocar no James aqui em Curitiba (to azucrinando ele desde maio pra ele vir). Alem do Mat a noite contará com o Ale Dantas, Alexandre Bogus e Our Gang. E como se não bastasse a noite de hoje amanhã ele vai dar um workshop no Goethe Institut.
Confira a entrevista que Mat deu ao INMWT antes de embarcar para o Brasil.
Quando você percebeu pela primeira vez que queria trabalhar com música e, então, como você se estabeleceu como músico e produtor e criou seu próprio selo?
Meu pai era compositor de música contemporânea, então em nossa casa sempre tinha música. Eu comecei a tocar piano aos 5 anos, sempre pensei em ser um pianista clássico, e depois fui para bateria, saxofone, baixo e órgão.
Aos 20 anos ocorreu uma virada: eu descobri o hip hop e house, comecei a ir a festas techno na Alemanha, a colecionar discos, especialmente de jazz e house. Foi aí que eu parei de estudar piano e comecei a sair, a trabalhar em uma rádio e organizar festas… Mas logo percebi que a cena de música era muito chata e a maioria das pessoas tem uma cabeça muito fechada, só gosta de uma coisa, não tem noções de história da música, não entende as mudanças na cena. Então eu e meu amigo Jonas [Imbery, co-fundador da Gomma e mentor do projeto Telonious]começamos a produzir música eletrônica. Como ninguém queria lançar, tivemos que começar nosso próprio selo. As três primeiras faixas obtiveram bastante sucesso na cena de Londres, o que nos deu energia pra continuar fazendo algo bem diferente do que existia na época e encontrando novos artistas com essa mesma perspectiva.
Munk, antes, era um projeto seu em conjunto com seu parceiro Imbery. O que mudou, musicalmente, desde que ele criou o Telonious, e partiu para carreira solo?
O Jonas é muito mais orientado pela cena club, pela house music dos anos 90 de Nova York, então faz uma música mais “house futurista alemã”. Já eu quero fazer algo mais “álbum music”, uma nova forma de músicas pop, algumas boas para dançar, mas não necessariamente. Quero incluir nisso muitos estilos e linguagens diferentes e, assim, fazer música pop bem internacional, multilinguística e futurista.http://www.gomma.de/telonius
Imbery usa o pseudônimo Telonious; você é o Munk. É, como parece, uma homenagem ao pianista Thelonious Monk?
Sim, nós adoramos Thelonious Monk por sua forte personalidade e estilo pessoal, uma visão musical diferente do que existia na época. Além, é claro, de não ceder ao comercial. Usamos por isso, além do nome ser interessante também.
Independente desses projetos, vocês são um selo alemão, mas negam o estereótipo alemão de música industrial, produzindo bandas que tocam músicas com bastante groove. Como é a aceitação dessa mistura de influências como disco, funk, electro, postpunk, techno…?
Desde o início, há dez anos, tínhamos uma visão de como o selo deveria ser: não seguir apenas a moda, mas procurar músicos com uma identidade forte o suficiente para ir além da tendência musical. Quando começamos foi difícil, poucas pessoas estavam interessadas. Os caras da DFA [selo criado por James Murphy, vocalista do LCD Soundsystem], em Nova York, por exemplo, deram suporte à ideia desde o início, também alguns DJs e rádios inglesas, como a BBC Radio 1.
Agora é louco como alguns selos e músicos querem soar como as coisas que propusemos ou fazemos, ou que dizem que a Gomma é uma grande inspiração. Só escute o que saiu do Kompakt ou Ed Banger esse ano: é Gomma de cinco anos atrás. Inclusive o Kompakt queria comprar o WhoMadeWho, que é nossa banda! Isso é divertido, e confirma que estamos no caminho certo.
Então você acha que selos, em uma época em que qualquer banda pode fazer música em casa e publicar na internet, têm essencialmente uma função curatorial?
Exatamente. Nós temos uma grande base de seguidores e fãs que confiam em nós, então os ajudamos a encontrar bandas e músicas legais. Também fazemos vários trabalhos de seleção musical para cinema, museus e mundo da moda.
Como você vê o futuro das gravadoras e da indústria fonográfica? Você se preocupa com isso?
O futuro vai ser o streaming. Já atualmente muitas pessoas ouvem música no youtube, e sites como o Spotify [www.spotify.com] são muito importantes. O problema é que isso leva a um contexto em que para o músico vai ser muito difícil garantir seu sustento e em que vai haver muita música ruim à espreita; mas ainda assim representam opções para os músicos. Vamos ver…
Além de seu trabalho com música, Gomma é quase um coletivo de arte. Que outras atividades vocês desenvolvem?
Nós fazemos exibições chamadas Mondogomma com ilustradores e amigos, já expusemos em galerias em Estocolmo, Tokio, Barcelona, Berlin, por exemplo. Eles também trabalham com posters. Também lançamos uma revista chamada Amore e temos uma linha de camisetas limitadas. http://www.gomma.de/amore-exhibitions
Falando nas camisetas… Karl Lagerfeld [estilista da Chanel] usou uma música de vocês na trilha para seu primeiro filme, “Remember Now”; músicas da Gomma foram usadas também em importantes desfiles de moda, como Givenchy. Quão importante a moda é para vocês?
Isso é interessante. Eu sou muito interessado em estilo – mas não em moda. Claro que é legal se a Channel ou outra grande grife gosta da minha música e usa. Mas pessoalmente eu prefiro pequenas marcas e designers independentes. Tenho amigos em Berlim que mantêm pequenas marcas que acredito serem mais interessantes do que as grandes.
Como discotecar e produzir bandas colabora para suas composições pessoais, e vice-versa?
Tudo funciona junto, me inspira e me diverte.
A faixa “Mis Labios” conta com a participação da cantora brasileira Joyce Muniz; “Violent Love” tem um excelente remix feito pela dupla – também brasileira – The Twelves; você tem um álbum chamado “Aperitivo” – não sei se o uso intencional, mas é uma palavra da língua portuguesa. Você tem alguma relação com o Brasil, conhece música brasileira ou já esteve aqui?
Eu tenho amigos em todas as partes do mundo e tento sempre criar algo como uma nova linguagem. No meu último álbum eram 8 línguas diferentes, e meninas de 9 países diferentes cantando. Mas, sim, tenho uma grande coleção de música brasileira e sempre amei o inacreditável universo de música brasileira.
Munk – Mis Labios
Munk – Violent Love (The Twelves remix)
Em que artistas da Gomma você acha que o público deveria prestar atenção no ano que vem?
Esperanza. É uma banda nova da Itália, soa como Carl Craig e Morricone em um álbum juntos. Incrivelmente bonito. E tem também o álbum debut da banda inglesa The KDMS, em maio, que vai ser incrível.
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Agradecimento especial ao Goethe Institut, Alexandre Bogus, AIMEC, toda a galera da Gomma, ao Luciano (e toda a galera do James) e é claro ao Mat "Munk' Modica por tornarem isso possível.
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